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quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Um caso triste

Lembro-me que, durante o mês de Junho e mesmo durante o mês de Julho, escrevi sobre duas gatas abandonadas que tiveram crias e que passaram a fazer parte da minha família.

A Nina, após o parto e a distribuição dos seus filhotes e, dado que ninguém quis com ela ficar, veio viver aqui para casa. A sua envolvência com as crias da segunda gata, a Boneca, já foi anteriormente relatada.

A Nina é uma gata encantadora, jovem ainda, saudável e muito brincalhona. Teve a “esperteza” de se tornar amiga do Skipy, o gato líder, de forma que, para ela, tudo corre de feição.

Boneca na clínica veterinária a recuperar de intervenção cirúrgica

A vida da Boneca é bem mais complicada. Desde que teve alta da clínica veterinária em consequência de uma urgente intervenção cirúrgica, passou a viver numa casota, que tornamos o mais acolhedora possível, com “aquecimento central” realizado a partir de uma botija de água quente comprada em loja de chinês, colocada à entrada da porta da minha cozinha. Não a quisemos dentro de casa, dado que esta já era habitada por 5 felinos.

Ora bem, com aquela terrível vaga de frio do passado mês de Dezembro, com pena da gata, introduzimo-la dentro de casa (o que não é fácil porque tem de haver novo equilíbrio na definição do território de cada animal). Bom, ainda não estava decorrido um mês quando levamos a Boneca à veterinária para que esta fosse vacinada. Feitos os testes prévios, descobriu-se que a gata era portadora do FIV, o correspondente à Sida dos humanos, com questões de transmissão da doença análoga à dos seres humanos.

Obviamente que esta notícia causou perturbação e levantámos algumas questões. Deixamo-la dentro de casa? Assim pode contaminar os outros gatos pelos quais, dada a duração do convívio, temos maior afecto? Pomo-la novamente na casota? Isto corresponderia a um segundo abandono do animal e ela é uma gata meiga e não merece tal sorte. Enfim. Vamos ver o que a sorte nos reserva (aplico o termo “nos reserva”, dado que o afecto que temos pelos nossos gatos implica que, se um deles adoecer, todos nós sofreremos com isso). Acabámos por optar por manter a Boneca dentro de casa, esperando que lutas, dentadas e arranhões, as vias de transmissão da doença, não aconteçam.

Que a sorte nos ajude!

Já agora coloco alguma informação sobre a doença.

"Descoberto em 1983 por Nils Pedersen na California o FIV é uma das principais causas de morte de gatos no nosso país. Como o nome indica, diminui drasticamente as defesas do animal tornando-o mais susceptível a doenças. A sida felina é exclusiva dos gatos, não se transmitindo a outros animais ou humanos ( zoonose). Não se encontra somente limitado aos gatos domésticos, atingindo também outras espécies de felinos. Note-se que o virus de imunodeficiência do gato domestico é diferente do virus de imunodeficiência dos outros felinos.90% dos Leões do serengeti têm uma forma de FIV.

O principal meio de transmissão dá-se através de dentadas, através de feridas, e não por contacto sexual como no caso do HIV humano, no entanto, embora ainda não esteja provada a transmissão directa por relações sexuais, não se encontra totalmente colocada de parte .

Note-se que é normal o gato morder a gata durante o coito e como tal a transmissão embora não se efectue por via sexual é consequência directa da mesma. Outras fontes de infecção são através de transfusão de sangue, da mãe para o filhote, caso ela se infecte durante a gestação, e através da amamentação.

Os animais mais susceptíveis são os machos inteiros (não castrados) e gatos de vida livre ou domésticos que têm acesso a rua, pois a transmissão por dentada pode ocorrer durante as lutas territoriais..Os gatos nas suas lutas podem morder-se e infectarem-se, mesmo em casa as brincadeiras tendo por motivo a dominância de um gato ou outro podem levar à transmissão. Por essa razão deve-se ter cuidado e se possivel separar os gatos infectados dos saudáveis. Gatos que vivem em ambientes com muitos animais, com introdução frequente de gatos novos, também estão especialmente expostos.

De igual forma o stress causado pelas lutas e alterações de ambiente são responsáveis por enfraquecimento do sistema imunitário.Não devem estar em grande número em espaços reduzidos por essa razão, os gatos são animais que precisam de um território e em alguns casos compartilhar o mesmo pode conduzir a graves problemas de comportamento e mesmo de saúde em termos fisicos.

O vírus infecta principalmente células de defesa (linfócitos), destruindo-as lenta e gradualmente. O animal passa várias fases de doença até chegar a uma imunosupressão. Isto demora anos, e uma das características da doença é o longo período de latência, ou seja, o animal infectado não apresenta nenhum sintoma durante anos (portador assintomático).

Diagnóstico

Como suspeitar que o gato está infectado? Não existe um sintoma específico, o que vai chamar a atenção são sintomas de baixa imunidade. Animal que apresenta infecções frequentes, ou recorrentes, doenças incomuns, perda de peso, febre de origem desconhecida, são prováveis seropositivos. Pode também apresentar anemia e alguns tipos de tumor. O diagnóstico é feito através de exame em centro médico veterinário para confirmar a presença de anticorpos contra o FIV na corrente sanguínea.

Existe uma vacina disponível a nível internacional que se encontra em fase de testes mas a sua eficácia não é de 100% e ainda se encontra no inicio de sua distribuição.

Tratamento

Deve ser indicado pelo seu médico veterinário com medicação que se destine a combater infecções oportunistas e a aumentar a capacidade imunitária do animal. Cada caso tem as suas particularidades e deve segui as indicações do seu médico assistente. O facto de o gato ter a dita sida felina não é motivo para abate, somente de cuidados redobrados a lidar com outros gatos e com a evolução do seu estado".

http://www.hospvetprincipal.pt/sida.htm

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

A História de Fernão Capelo Gaivota, um hino à liberdade

Na superfície do azul brilhante do céu, tentando a custo manter as asas numa dolorosa curva, Fernão Capelo Gaivota levanta o bico a trinta metros de altura. E voa. Voar é muito importante, tão ou mais importante que viver, que comer, pelo menos para Fernão, uma gaivota que pensa e sente o sabor do infinito. E verdade, que é caro pensar diferentemente do resto do bando, passar dias inteiros só voando, só aprendendo a voar, longe do comum dos mortais, estes que se contentam com o que são, na pobreza das limitações. Para Fernão é diferente, evoluir é necessário, a vida é o desconhecido e o desconhecível. Afinal uma gaivota que se preza tem de viver o brilho das estrelas, analisar de perto o paraíso, respirar ares mais leves e mais afáveis. Viver é conquistar, não limitar o ilimitável. Sempre haverá o que aprender. Sempre.

In Olhares, fotografia on line

O filme, baseado no livro de Richard Bach e com um excelente acompanhamento musical da responsabilidade de Neil Diamond, fez-me chorar. Não sei por que circunstância da vida, recordei-me dele e resolvi partilhar uma pequena parte (somente a 1.ª) de um vídeo que fui buscar no Youtube. Espero que aprecie.

Written by Neil Diamond
BE
Lost
On a painted sky
Where the clouds are hung
For the poet's eye
You may find him
If you may find him
There
On a distant shore
By the wings of dreams
Through an open door
You may know him
If you may

Be
As a page that aches for a word
Which speaks on a theme that is timeless
While the one God will make for your day
Sing
As a song in search of a voice that is silent
And the Sun God will make for your way

And we dance
To a whispered voice
Overheard by the soul
Undertook by the heart
And you may know it
If you may know it

While the sand
Would become the stone
Which begat the spark
Turned to living bone
Holy, holy
Sanctus, sanctus

Be
As a page that aches for a word
Which speaks on a theme that is timeless
While the Sun God will make for your day
Sing
As a song in search of a voice that is silent
And the one God will make for your way

domingo, 24 de janeiro de 2010

Águas de Março

É pau, é pedra, é o fim do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho
é um caco de vidro, é a vida, é o sol
é a noite, é a morte, é um laço, é o anzol
é peroba do campo, é o nó da madeira
cainga, candeia, é o Matita Pereira
É madeira de vento, tombo da ribanceira
é o mistério profundo
é o queira ou não queira
é o vento ventando, é o fim da ladeira
é a viga, é o vão, festa da cumeeira
é a chuva chovendo, é conversa ribeira
das águas de março, é o fim da canseira
é o pé, é o chão, é a marcha estradeira
passarinho na mão, pedra de atiradeira

Uma ave no céu, uma ave no chão
é um regato, é uma fonte
é um pedaço de pão
é o fundo do poço, é o fim do caminho
no rosto o desgosto, é um pouco sozinho

É um estrepe, é um prego
é uma ponta, é um ponto
é um pingo pingando
é uma conta, é um conto
é um peixe, é um gesto
é uma prata brilhando
é a luz da manha, é o tijolo chegando
é a lenha, é o dia, é o fim da picada
é a garrafa de cana, o estilhaço na estrada
é o projecto da casa, é o corpo na cama
é o carro enguiçado, é a lama, é a lama
é um passo, é uma ponte
é um sapo, é uma rã
é um resto de mato, na luz da manhã
são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho
é uma cobra, é um pau, é João, é José
é um espinho na mão, é um corte no pé
são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho
é um passo, é uma ponte
é um sapo, é uma rã
é um belo horizonte, é uma febre terçã
são as águas de março fechando o verão
é a promessa de vida no teu coração

É pau, é pedra, é o fim do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho

É pau, é pedra, é o fim do caminho
é um resto de toco, é um pouco sozinho

Pau, pedra, fim do caminho
resto de toco, pouco sozinho

Pau, pedra, fim do caminho,
resto de toco, pouco sozinho.