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sábado, 28 de novembro de 2009

Um mundo de surpresas

Em 2008 adquiri, através da internet, o livro que agora apresento. Ele constituiu uma enorme surpresa para mim. É que nele se abordam as características específicas dos hemisférios esquerdo e direito do cérebro, que não são de todo idênticas.


Quando o livro me chegou às mãos eu já tinha conhecimento que as “funções” desempenhadas por cada uma destas partes do cérebro são diferentes e que o hemisfério esquerdo controla o lado direito do corpo e vice-versa (esquema abaixo). Quanto mais não fosse a vida se encarregou de me ensinar que assim era, a partir do AVC sofrido pelo meu marido há 12 anos.

O que eu nunca valorizei foi a importância que a parte direita do cérebro tem no domínio do desenho, da criatividade, da arte em geral. E aqui começa um problema: desde pequenos somos treinados a dar importância às funções desempenhadas pela parte esquerda do cérebro, o que acaba por inibir a parte direita e dificultar imenso a tarefa de desenhar e desenvolver a criatividade.

Sem querer me alongar, vou traduzir uma passagem do livro de Betty Edwards (pág. 64 na edição de 2004):

“O hemisfério esquerdo analisa, abstrai, conta, marca o tempo, programa as suas operações por etapas, verbaliza e racionaliza em conformidade com a lógica. Por exemplo: “sendo dados os números a, b ou c, podemos dizer que, se a é maior que b e que b é maior que c, então a é necessariamente maior que c”. Este enunciado ilustra o modo de funcionamento do hemisfério esquerdo: um modo analítico, verbal, dedutivo, sequencial, simbólico, linear e objectivo.

Em oposição nós possuímos um segundo modo de conhecimento: o modo do hemisfério direito. Graças a ele conseguimos visualizar coisas imaginárias – perceptíveis somente aos olhos do espírito. No exemplo acima dado, o leitor pôde visualizar a relação “a, b, c”? Através deste modo de percepção visual, apercebemo-nos como as coisas se apresentam no espaço e como cada parte se reúne para formar um todo. Graças ao nosso hemisfério direito nós podemos compreender as metáforas, nós sonhamos, criamos novas combinações de ideias. Quando algo nos parece demasiado complicado para descrever, nós somos capazes de o explicar por gestos. (...) Graças ao nosso hemisfério direito, somos capazes de desenhar a imagem das nossas percepções”.

Qual o interesse desta lenga-lenga?

Para mim faz todo o sentido. É que, sendo aluna do 1.º ano do Curso de Desenho na Sociedade de Belas Artes em Lisboa, qual não foi a minha surpresa quando me apercebi que estavam a ser aplicados exercícios que também eram propostos no livro acima citado (como é o caso do desenho cego).

Passo a exemplificar: na aula de Desenho partimos, logo de início, para exercícios de desenho gestual. O que é isso e como isso se executa?

Conceito: esboço rápido, no qual a velocidade do gesto capta o essencial da forma com linhas contínuas, expressivas e espontâneas, de espessuras variadas

Como se executa (na SNBA): perante um modelo vivo, por vezes homem, por vezes mulher, é-nos dado x tempo (3 minutos na primeira aula e 30 segundos actualmente) para observar o modelo. Ver a sua pose, fazer o varrimento horizontal e vertical do modelo, fechar os olhos tentando reproduzir a pose, voltar a olhar. Findo esse tempo, o modelo sai da pose inicial e os alunos, de memória, em 30 segundos, têm de tentar reproduzir a pose.

Eis um desses meus desenhos (o da esquerda):



Não se pretende, nestes exercícios, realizar o contorno do modelo (a quem o faz é pedido que corrija a atitude nos próximos desenhos) já que um ser ou um objecto não é vazio. Possui uma massa e é essa massa que importa registar.

No caso do meu desenho (à esquerda), que está incorrecto porque a linha do contorno aparece demasiado marcada e o interior da figura está cheio de “palha de aço”, foi feita a abordagem da direita pelo professor da disciplina de Desenho para ilustrar o “como concretizar” o desenho gestual.

Mas, para que realizar procedimentos se os desenhos até podem ficar horrendos?

É que se pretende anular o predomínio do hemisfério esquerdo do cérebro, já que este não entende estas operações e fica desarmado, facilitando a emersão do hemisfério direito. Deste modo estaremos a “aprender a ver”. Quando formos capazes de permitir que o hemisfério direito “comande”, estaremos a desenhar bem, sem esforço e de forma intuitiva (devo confessar que o predomínio do meu lado esquerdo do cérebro é tão forte que ainda hoje os meus desenhos gestuais não saem correctos. Há quem o consiga “em duas pinceladas” e obtenha esquemas de pose magníficas – os melhores trabalhos são afixados, em cada aula, numa das paredes da sala de aula).

Nos próximos dias irei mostrar alguma informação obtida a partir de sites ou blogs sobre o assunto, bem como apresentar alguns dos desenhos gestuais que realizo, bem como outras técnicas para facilitar o emergir do hemisfério direito do cérebro.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Para reflectir

Há poucos dias recebi de uma amiga, através do mail, o texto que transcrevo e que me agradou bastante. Está escrito à boa maneira brasileira,um pouco diferente, mas não importa: é português e a mensagem passa.


Durante um seminário para casais, perguntaram a uma das esposas:

Seu marido fá-la feliz? Ele a faz feliz realmente?

Nesse momento, o marido levantou o pescoço, demonstrando total segurança.

Ele acreditava que ela diria que sim, pois ela jamais havia reclamado durante o casamento.

Ela calmamente respondeu:

Não, o meu marido não me faz feliz!

O marido simplesmente afundou na cadeira.

Meu marido nunca me fez feliz e nem me faz feliz! Eu sou feliz.

E continuou:

A felicidade não depende dele; e sim de mim. Eu sou a única pessoa da qual depende a minha felicidade. Eu é que escolho ser feliz em cada situação, em cada momento da minha vida. A minha felicidade não pode depender de cada pessoa, coisa ou circunstância sobre a face da Terra, senão eu estaria com sérios problemas.

Tudo na vida muda constantemente: o ser humano, as riquezas, o meu corpo, o clima, o meu chefe, os prazeres, os amigos, minha saúde física e mental... Eu poderia citar uma lista interminável.

Eu decido ser feliz! Se minha casa está vazia ou cheia: sou feliz! Se saio acompanhada ou sozinha: sou feliz! Se meu emprego é o ideal ou não: eu sou feliz! Sou casada, mas também era feliz quando estava solteira. Eu sou feliz por mim mesma.

As coisas, pessoas, momentos e situações são experiências que me proporcionam momentos de alegria e de tristeza. Quando alguém que eu amo morre, eu sou uma pessoa feliz passando por um momento de inevitável tristeza. Aprendo com as experiências passageiras e vivo as que são eternas como amar, perdoar, ajudar, compreender, aceitar, consolar.

Tem gente que diz: não posso ser feliz porque estou doente, porque não tenho dinheiro, porque alguém me insultou, porque alguém deixou de me amar, porque eu não soube me dar valor, porque meu marido não é o que eu esperava, porque meus filhos não me fazem feliz, porque meus amigos não me fazem feliz, porque meu emprego é uma droga, porque faz muito calor e por aí vai.

Amo a vida que tenho mas não porque minha vida é mais fácil do que a dos outros. Ela não é.

É porque eu decidi ser feliz e me responsabilizar por essa felicidade. Quando eu tiro essa obrigação do meu marido e de qualquer outra pessoa, deixo-os livres do peso de me carregarem nos ombros. A vida de todos fica muito mais leve. E é dessa forma que consegui um casamento feliz ao longo desses anos.

Nunca deixe nas mãos dos outros a responsabilidade da sua felicidade!

SEJA FELIZ, apesar dos pesares.

Mas se um dia decidir pedir algo externo a você peça apenas serenidade, para aceitar as coisas que você não pode mudar, coragem, para modificar aquelas que podem ser mudadas e sabedoria, para conseguir reconhecer a diferença que existe entre elas.


domingo, 22 de novembro de 2009

Com apoio quem não é capaz?

Hoje apresento um trabalho elaborado a partir de uma foto tirada no Centre Pompidou aquando da minha última visita a Paris (assim até pareço pretensiosa: é que só fui a Paris 2 vezes). De uma forma muito simples utilizei uma opção do Photoshop que reduziu os elementos da fotografia ao essencial e esta nova imagem constituiu a minha base de trabalho.

O Photoshop é um programa caro. Para Macintosh custa mais de 600€ e, passado o período experimental de 30 dias, e dado que não sou perita e nem quero aprofundar a pintura a partir deste processo de transformação de imagens, desisti do software. Mas, para eventuais "recaídas", posso sempre utilizar o Gimp, cujo download é gratuito e que permite igualmente obter produtos curiosos.

sábado, 21 de novembro de 2009

Apesar de tudo...


Presentemente a azáfama da vida tem-me dispersado a atenção por um sem número de afazeres. São as idas e vindas, duas vezes por semana, à Sociedade Nacional de Belas Artes, em Lisboa, são as aulas que ando a ter no English Centre, também duas vezes por semana, as aulas de acrílico no atelier do Micaspatudo em Caldas da Rainha, a ginástica.... Enfim, eu própria fico cansada só de pensar na enumeração de todas as actividades a que me obriguei a realizar este ano. Mas o velho ditado “quem corre por gosto não cansa” está presente e fico feliz por ter saúde, disposição e oportunidade para me envolver em todas elas.

Quer isto dizer que o tempo que posso despender para me ocupar deste espaço que tanto aprecio, o meu blog, é bastante limitado. Vou fazendo o que estiver ao meu alcance para o manter vivo.

Hoje apresento três trabalhos que concluí há umas semanas e que vou colocar no Museu do Ciclismo amanhã, domingo.

A propósito: as quatro aguarelas que levei ao Museu do ciclismo foram vendidas no dia da inauguração da exposição. Fiquei muito feliz com o facto. Se eu quiser ser mais honesta, terei de dizer que fiquei mesmo radiante com o facto de alguém, que não está ligado a mim, ter apreciado os trabalhos, a ponto de os adquirir para si, para passarem a fazer parte do seu mundo. É como se um pouquinho da minha pessoa se prolongasse, se estendesse a um território físico e emocional a que eu, enquanto ser vivo, não tenho acesso. Foi um dia importante para mim.


A luz emerge das trevas, 2009

Aguarela (50cm x 40 cm)

Eu e os outros, 2009

Aguarela (40cm x 50 cm)

Espírito totémico, 2009

Acrílico sobre tela (40cm x 60cm)

(O tabalho foi realizado a espátula e a foto faz perder as nuances de cor)

sábado, 14 de novembro de 2009

Retrato do Poeta Quando Jovem


José Saramago

Há na memória um rio onde navegam

Os barcos da infância, em arcadas

De ramos inquietos que desprezam

Sobre as águas as folhas recurvadas.

Há um bater de remos compassado

No silêncio da lisa madrugada,

Ondas brandas se afastam para o lado

Com rumor da seda amarrotada.

Há um nascer do sol no sítio exacto,

À hora que mais conta duma vida,

Um acordar dos olhos e do tacto,

Um ansiar de sede inextinguida.

Há um retrato de água e de quebranto

Que do fundo rompeu desta memória,

E tudo quanto é rio abre no canto,

Que conta do retrato a velha história.



sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Uma oração


Jorge Luis Borges


Minha boca pronunciou e pronunciará, milhares de vezes e nos dois idiomas que me são íntimos, o pai-nosso, mas só em parte o entendo. Hoje de manhã, dia primeiro de julho de 1969, quero tentar uma oração que seja pessoal, não herdada. Sei que se trata de uma tarefa que exige uma sinceridade mais que humana. É evidente, em primeiro lugar, que me está vedado pedir. Pedir que não anoiteçam meus olhos seria loucura; sei de milhares de pessoas que vêem e que não são particularmente felizes, justas ou sábias. O processo do tempo é uma trama de efeitos e causas, de sorte que pedir qualquer mercê, por ínfima que seja, é pedir que se rompa um elo dessa trama de ferro, é pedir que já se tenha rompido. Ninguém merece tal milagre. Não posso suplicar que meus erros me sejam perdoados; o perdão é um ato alheio e só eu posso salvar-me. O perdão purifica o ofendido, não o ofensor, a quem quase não afeta. A liberdade de meu arbítrio é talvez ilusória, mas posso dar ou sonhar que dou. Posso dar a coragem, que não tenho; posso dar a esperança, que não está em mim; posso ensinar a vontade de aprender o que pouco sei ou entrevejo. Quero ser lembrado menos como poeta que como amigo; que alguém repita uma cadência de Dunbar ou de Frost ou do homem que viu à meia-noite a árvore que sangra, a Cruz, e pense que pela primeira vez a ouviu de meus lábios. O restante não me importa; espero que o esquecimento não demore. Desconhecemos os desígnios do universo, mas sabemos que raciocinar com lucidez e agir com justiça é ajudar esses desígnios, que não nos serão revelados.

Quero morrer completamente; quero morrer com este companheiro, meu corpo.


Jorge Luis Borges
nasceu em 1899 na cidade de Buenos Aires, capital da Argentina e faleceu em Genebra, no ano de 1986. É considerado o maior poeta argentino de todos os tempos e é, sem dúvida, um dos mais importantes escritores da literatura mundial.

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Exposição da CULTARTIS no Museu do Ciclismo


Decoração realizada pela associada Sandra que também é dona da bicicleta

Foi inaugurada, no passado dia 7 de Novembro, mais uma exposição de artes plásticas levada a cabo pela CULTARTIS e que estará patente no Museu do Ciclismo em Caldas da Rainha até ao final do presente mês.

Este museu destinou um excelente espaço (que adaptou e embelezou) para que os artistas plásticos da referida Associação pudessem apresentar alguns dos trabalhos dos seus associados. As salas são bem iluminadas, visíveis da rua e o bom gosto impera.

Eis algumas fotos colhidas durante a tarde da inauguração.


O Dr. Tinta Ferreira esteve presente na inauguração




Alguns dos convidados da CULTARTIS no espaço da exposição


Pormenor do recinto da exposição



Pormenor do recinto da exposição



sábado, 7 de novembro de 2009

Arte com areia...

É ver para acreditar!

Kseniya Simonova é uma artista que acaba de ganhar a versão ucraniana similar ao "America's Got Talent." 


Ela usa uma enorme caixa de luz, música dramática, imaginação e o seu talento para interpretar a invasão alemã e a ocupação da Ucrânia durante a 2ª Guerra.

domingo, 1 de novembro de 2009

Exposição em Óbidos


E as exposições sucedem-se a um ritmo vertiginoso.

Desta vez tratou-se de apoiar a concretização de um sonho do colega António Júlio Rodrigues.

Desde alguns anos que este colega vinha pensando em abrir a sua própria galeria de pintura. Ora por um motivo, ora por outro, o projecto, para desgosto seu, estava a ser progressivamente adiado.

Nestes últimos tempos, e tendo uma loja sua na rua Direita, em Óbidos, da qual só ocupava o rés-do-chão, meteu mãos à obra, desocupou o primeiro andar e transformou-o numa galeria para exposições.

Tendo sido solucionado o problema do espaço, outro urgia ser resolvido. Eram necessário artistas que quisessem colaborar.

O António Júlio convidou alguns pintores de Óbidos, seus conhecidos, e, como associado da CULTARTIS tornou-se fácil conseguir quem apreciasse expor no seu espaço, as suas obras.

E foi deste modo que me envolvi em mais uma mostra de trabalhos. Desta vez fiquei particularmente feliz porque pude, de forma extremamente simples, contribuir para a realização do sonho de alguém. Pudéssemos fazê-lo sempre em relação às pessoas que nos são caras.