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sexta-feira, 2 de abril de 2010

Virgínia Woolf

Um Quarto Só para Si

"Um Quarto Só Para Si, ensaio publicado em 1929, baseia-se em duas conferências subordinadas ao título As Mulheres e a Ficção, feitas no Newham College e no Girton College, em Cambridge, para um público feminino pelo qual Virginia Woolf sentiu uma certa empatia, ao contrário do que anteriormente acontecera em Oxford perante uma audiência masculina de jovens estudantes que classificou de 'inexperientes, ignorantes quanto à poesia e à ficção, fazendo perguntas ingénuas'. Como se pode verificar no seu diário, a audiência que encontrou em Cambridge parecia 'inteligente e interessada'. Mas é uma audiência que, quanto à sua realização pessoal, se confronta precisamente com as mesmas dificuldades de Virginia em jovem. Se lhe era permitido passar as manhãs no quarto a ler, a escrever ou a traduzir do grego, a meio da tarde tinha de se transformar na jovem bem-educada e participar nos rituais sociais, usar um vestido de cerimónia e conversar durante o chá de acordo com a tradição vitoriana."

Do Prefácio de Maria de Lourdes Guimarães

Virgínia Woolf, no seu livro “Um Quarto SÓ para Si”, que é considerado uma obra clássica feminista, usa uma linguagem expressiva, irónica e mordaz. Ela sabe como a educação das mulheres e o seu papel social podem comprometer a criatividade feminina. Mas o que é necessário para que essa imaginação criativa se liberte? Logo na primeira página lança a ideia de um quarto, um quarto onde a mulher possa isolar-se, sem ser constantemente interrompida e sem ter de esconder o que escrevia com a entrada de um intruso numa sala de estar comum. Alem da privacidade, a mulher precisa de ser economicamente independente(...). A ausência destes dois requisitos explica a inexistência de escritoras na época isabelina em que as mulheres estariam sujeitas a frustrações diversas, entre as quais a artística, exemplificada com o suicídio de uma suposta ou apenas imaginada irmã de Shakespeare. E Virgínia prossegue com uma análise de todas as desvantagens educativas, sociais e financeiras que, ao longo da história inglesa, se têm atravessado no caminho das mulheres escritoras (..).

WOOLF, Virgínia, Um Quarto Só para Si, Relógio D’Água, 2005, Prefácio, pág.11-12

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