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quarta-feira, 20 de maio de 2009

Ao encontro de Kandinsky

Wassily Kandinsky (Moscovo,4 de Dezembro de 1866  — Neuilly-sur-Seine, 13 de Dezembro de 1944) foi um artista russo, professor da Bauhaus e introdutor da abstracção no campo das artes visuais.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Wassily_Kandinsky

No seu livro “Gramática da Criação” Wassily Kandinsky levanta várias questões que podem constituir notas para reflexão:

“O inevitável acontece quando chega a sua hora. Dito de outro modo, o espírito criador (a que poderemos chamar espírito abstracto) acede então à alma, depois às almas e provoca uma aspiração, um impulso interior.

 Assim que as condições necessárias ao amadurecimento de uma forma determinada se encontram preenchidas, esta aspiração, este impulso interior recebe o poder e criar no espírito humano um novo valor que, consciente ou inconscientemente, começa a viver no homem. A partir deste instante, conscientemente ou não, o homem procura uma forma material para o novo valor que vive nele sob uma forma espiritual.

O valor espiritual está então em busca de uma materialização. A designação material desempenha aqui o papel de uma “despensa” onde o espírito, tal como um cozinheiro, vai buscar aquilo que lhe é necessário.

Eis o elemento positivo, criador. Eis o bem. O Raio Branco que fecunda.

Este Raio Branco conduz à evolução, à elevação; por detrás da matéria, no interior da matéria, esconde-se o espírito criador. O véu que envolve o espírito na matéria é frequentemente tão espesso que, em geral, poucos homens são capazes de o notar. É por isso que, nos nossos dias, muitos são os que não vêm o espírito nem na religião nem na arte. Épocas há que negaram o espírito porque, nesses tempos, em geral os olhos dos homens foram incapazes de ver o espírito. Assim sucedeu no século XIX, assim sucede ainda de um modo geral no nosso tempo.

Os homens estão cegos.

Uma Mão Negra está pousada sobre os seus olhos. É a Mão daquele que odeia. Aquele que odeia procura por todos os meios travar a evolução, a elevação.

Eis o elemento negativo, destruidor. A Mão Negra que semeia a morte.

A evolução e o movimento em frente e para cima só são possíveis quando o caminho está livre, quando não se levanta qualquer barreira. Esta é a condição exterior.

A força que impulsiona o espírito humano para a frente e para cima, quando o caminho está livre, é o espírito abstracto. É preciso, naturalmente, que estrondeie e se faça ouvir. O apelo tem que ser possível. É a condição interior."

KANDINSKY, Wassily, Gramática da Criação, 1998, Edições 70 LDA, pág. 13 e 14, Lisboa.

 

 

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